Ainda no ventre da mãe a cobrança por um corpo perfeito já se faz presente. Ao engravidar a maioria das mulheres passam a recitar o velho ditado que precede a curiosidade pelo descobrimento do sexo: "Desde que venha com saúde, todo perfeitnho..." Ter um filho "perfeito" é ter um filho com todas as partes de seu corpo completas e "funcionando". Um corpo perfeito coloca o ser humano no patamar da normalidade. Isso siginifca dizer que quem não tem esse corpo completo receberá os olhares e estranhamento que o "anormal" traz consigo.
No artigo Corpos amputados e proteitizados: "Naturalizando" novas formas de habitar o corpo na contemporaneidade, Luciana Paiva nos traz então a situação dos que nasceram "normais" e por circunstâncias diversas da vida tiveram que amputar uma parte de seus corpos. Ao corpo é dado um status social que é tão inererante ao ser humano que faz com que este lute de todas as formas para não perder tal status sendo a opção da amputação aceita apenas quando esta é a única entre desconfigurar-se ou morrer. Isso justifica-se por vivermos "numa sociedade que privilegia a eficiência e o dinamismo (e) "perder" uma perna significa perder também a normalidade, bem como um modo de vida ativo, em que o indivíduo passa a ser visto como ocioso e ineficiente" (Paiva,2007). Uma vez tomada a decisão da amputação vem agora a segunda parte: se reinventar, aceitar-se e (con)viver neste mundo que privilegia a normalidade. A prótese vem resgatar a auto-estima do amputado e trazer-lhe uma nova possibilidade de continuar fazendo as coisas do dia-a-dia que fazia antes da amputação. Nos depoimentos do artigo de Paiva podemos perceber que após o sofrimento da adaptação física à prótese quando o indivíduo adapta-se psicologicamente ele permite-se exibir sua nova forma física e em alguns casos ter sua auto-estima exarcebada como não era antes de perder uma parte do corpo, se autointitulando de ser biônico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário